O BODE VEREADOR



 Texto criado em 2008.
Faz mais de sessenta anos
Que voto em candidato
Tem político neste mundo
Da consciência de rato
Também existe prefeito
Que tudo que faz é mal feito
E o povo é quem paga o pato.


Senhor Juiz eu sei que pode
Quero candidatar um bode
Pra ser vereador
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Os maus administradores. 


De votar já estou cansado
Nunca fui recompensado
Nem pelo meu direito
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Essa falta de respeito. 


Acho ser uma grande afronta
Pegar os livros de contas
Jogar debaixo da mesa
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Essa tal sem-vergonhesa. 


Tem muita gente que jura
Que lá dentro da prefeitura
Roubam até a bolsa família
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Toda essa covardia.



Quem dá voto por dinheiro
Não pensa no desespero
Não espera coisa boa
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
As pessoas que vivem atoa. 


Muita gente que não pensa
Nem pesa na consciência
Trocar voto por bebida
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Esta falta de comida. 


Quem dá voto por cachaça
Nunca pensa na desgraça
Que trás pra sua família
No ranho da piaçaba
O bode comendo acaba
Esta falta de moradia. 


Não dou nome de ninguém
Eu vou dar a nota cem
Pra mulheres que tem valor
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
O macho conquistador. 


Caro amigo eu lhe digo
Merece ter um castigo
Pra quem votar por dinheiro
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Estes cabras fuxiqueiros. 


O bode foi bem votado
Todo povo animado
Foi eu que fiz esta jura
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Os ratos da prefeitura. 



Faço porque sei
A humilhação que passei
Procurando os meus direitos
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Estes cabras sem respeito. 


 O bode foi bem votado
Vou esperar o resultado
Nossa luta continua
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Os malandros da rua. 


Colegas vão votar
Pra este bode ganhar
Um voto bem caprichoso
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
O político mentiroso.           

    
Tem que votar no bode
Qualquer cidadão pode
Pra gente ter mais sossego
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Esta falta de emprego. 


Diz a mulher do seu Louro
É até um desaforo
Um bode na prefeitura
No rancho da piaçaba
O bode comendo acaba
Todo mal que não tem cura. 


O bode foi bem votado
Todo mundo admirado
Não é um bicho do mato
Estudou a medicina
Descobriu uma vacina
Pra acabar a febre do rato.



Agora caro leitor
Veja se eu não tenho razão
Não posso ficar calado
É esta minha questão
Falo sobre o desrespeito
Que tenho pelo cidadão. 


O mundo está mudado
As coisas estão deste jeito
Se o avô fala com o neto
Responde e fale direito
Mesmo não vai escutar
Este velho sem respeito. 


Tem muita gente que nasce
Cria-se sem trabalhar
Quer viver de brincadeiras
Nunca parou pra pensar
Não pensa no sofrimento
Quando a velhice chegar. 


Graças a Deus dei valor
Ao meu pequeno estudo
Eu nunca fui fazendeiro
Nem tive dinheiro graúdo
Fui mesmo corajoso
Não moleque pançudo. 


Respeitei sempre meu pai
Gosto muito do meu jeito
Só entro onde me cabo
Por todos tive respeito
Sou pobre mais gabado
Por pessoas de respeito. 


O namoro de hoje em dia
É uma imoralidade
Não respeita pai nem mãe
Pode ter menoridade
Tem um tal de chupa-chupa
Que a língua entra a metade.


A vovó fala para a neta
Eu quero falar contigo
A neta fala zangada
Será que isto é meu castigo
Detesto cabelo branco
É coisa do inimigo. 


Agora caro leitor
Nosso mundo está mudado
Filho não dá benção aos pais
Compadre está tudo errado
Tirar conta na caneta
Isto é coisa do passado. 


Estou velho não me acostumo
Com esta tal civilidade
Eu me criei na roça
Muito longe da cidade
As barrigas estão de fora
E as cochas mais da metade. 


O vovô fala para o neto
Mais podemos conversar
O neto respondeu
Mas não venha gaguejar
Não tenho tempo a perder
Com este velho gagá. 


Agora vou terminar
Falando da juventude
Rogo a Deus pedindo paz
Boa memória e saúde
Respeite sempre o idoso
E tenha boa atitude. 


Para escrever esta história
Eu pedi inspiração
Ao Deus da poesia
Que me deu a vocação
Minha letra está ruim
Por ter defeito em minhas mãos. 


Obrigado minha neta
Por ter ajudado eu
Com a tua educação
Que me compreendeu
Perdão ao pobre poeta
Antonio Serafim Abreu.